Consumo crescerá R$ 813 bilhões até 2024
Atualmente, os índices da economia não trazem boas notícias. Em médio prazo, no entanto, o consumo interno voltará a crescer no Brasil. Cidades de todos os portes terão dias melhores, mas o interior continuará no topo do aumento de consumo, especialmente os municípios situados a uma distância entre 75 km e 200 km das capitais. Essas cidades, que não estão coladas às capitais nem muito distantes delas, formam cinturões de crescimento identificados pela consultoria McKinsey por meio de análise atualizada da ferramenta CityNav Brazil, que mostrou uma fotografia do consumo interno para o período entre 2014 e 2024.
As cidades dos cinturões de crescimento se beneficiam da infraestrutura e dos negócios gerados pela capital. No entanto, apresentam maior potencial por terem um desenvolvimento ainda menor, afirma Fabio Stul, sócio-diretor da McKinsey. Nessas localidades, os preços imobiliários são mais baixos e a mão de obra, mais barata, completa Stul. Em Estados como Piauí, Sergipe e Pará, as cidades do cinturão de crescimento tendem a registrar alta anual de consumo em torno de dois pontos percentuais acima das capitais Teresina, Aracaju e Belém. Algumas características observadas em muitos desses municípios em forte crescimento são população de até 300 mil habitantes, grande presença de adultos jovens e também das classes C e D.
Os resultados atualizados do citynav Brazil já refletem alguns aperfeiçoamentos realizados pela McKinsey. A base de dados, por exemplo, ganhou a inclusão de novas categorias de produtos – já são cerca de 60 no total. Na Índia, um grupo de estatísticos trabalha focado nas projeções das oportunidades de crescimento dessas categorias em todo o Brasil. O volume coletado de informações mostra que, apesar do momento atual ser de crise, estão mantidas as condições para o crescimento no consumo em médio prazo. Um dos fatores importantes para isso é o bônus demográfico, que acontece quando a população em idade apta ao trabalho é bem superior ao número de idosos e crianças, cujo pico será por volta de 2020 a 2023. Outro ponto positivo é o comportamento ávido por consumo do brasileiro, que deve se fazer notar novamente em alguns meses, passada a recessão.
É um equívoco, portanto, planejar o crescimento da empresa a médio e longo prazo considerando apenas o cenário atual. Outro erro ainda comum a muitos varejistas, segundo Fabio Stul, é concentrar seus planos nas grandes capitais, decisão que pode restringir o crescimento. Como mostra a pesquisa, grandes oportunidades para crescer estão fora dos maiores centros urbanos. Basta entender para onde é viável expandir seu supermercado, e chegar lá atendendo necessidades e desejos específicos do local, sem replicar automaticamente modelos de formato ou sortimento já implantados na capital.
Identificar as categorias de produto importantes na região, se possível antes de definir o layout da loja, é fundamental para atender bem um público novo ou mesmo para se adaptar às novas exigências dos seus clientes habituais. A própria McKinsey identificou no estudo uma variação grande na alta de vendas de cada produto em cidades diferentes.
Fabio Stul sabe que muitos varejistas ajustam a oferta de mercadorias em momentos de crise. É uma decisão natural, já que em muitos locais os consumidores fazem o chamado trade down. Ou seja, passam a comprar versões mais básicas de certos produtos ou até trocam algumas categorias na cesta de compras para pagar menos. Mas o executivo da McKinsey lembra que, passado o momento ruim, acontece o efeito contrário. Nas decisões para o médio prazo, portanto, considere que a sofisticação de consumo – a premiunização das categorias – continua valendo. No cenário nacional, o CityNav mostra itens de alto valor agregado se mantendo com tendência de forte crescimento em vendas.
CIDADES EM DESTAQUE EM SANTA CATARINA
1- Criciúma
Com a 8ª economia catarinense, é a maior produtora de cerâmica do Brasil e a segunda no mundo em produção de pisos e azulejos. Após um período de estagnação, a economia do município volta a crescer com a implantação de 1.155 empresas em 2013.
2- Jaraguá do Sul
conhecida como a capital nacional da malha, a 5ª economia de Santa Catarina conta com empresas têxteis importantes, como Marisol e Malwee. É também sede da WEG, principal fabricante de motores elétricos no Brasil. No primeiro trimestre deste ano, Jaraguá do Sul foi a 3ª maior geradora de empregos entre as cidades catarinenses.
3- Tubarão
Situada no sul catarinense, a cidade receberá investimentos importantes em infraestrutura, a exemplo da duplicação da BR 101 e da expansão da rede ferroviária. Também se beneficiará da expansão dos portos de Laguna e Imbituba. Um centro de inovação tecnológica está sendo construído em Tubarão, com conclusão prevista para 2016.